Você tem garantias e direitos, portanto, conte com o seu Advogado de confiança para defendê-lo (a)
Notícias
Artigos
A linguística forense na detecção de mentiras - 16/09/2019
A linguística forense na detecção de mentiras (A linguística forense é uma área da linguística que aplica os conhecimentos da linguagem no contexto jurídico. São utilizadas metodologias científicas para analisar cartas, e-mails, mensagens de texto, áudios, confissões ou discursos gravados em vídeo em quaisquer situações onde vestígios linguísticos estejam disponíveis para serem considerados evidências; A hipótese do dilema do mentiroso (liars’ dilemma hypothesis) pode nos ajudar a entender melhor o que acontece: Quem mente sabe que um maior número de detalhes é sinal de veracidade e pode aumentar suas chances de enganar quem ouve. Entretanto, ceder mais informações pode criar mais formas de ser pego mentindo. Desta forma o mentiroso soluciona o dilema fornecendo o máximo de detalhes não verificáveis que puder, preenchendo a sua história com dados que não podem ser checados. Ao ser perguntada sobre um evento, uma pessoa pode responder que estava com seu tio; Ela sabe o nome do tio e sabe que o entrevistador pode perguntar isso, mas ela tem um pouco mais de tempo para pensar do que se tivesse dito que estava com seu tio Pedro imediatamente, por exemplo. É esperado que o discurso de alguém que está mentindo apresente esse tipo de omissão, enquanto pessoas que estão falando a verdade poderão compartilhar dados mais completos espontaneamente [5]; Exemplos de detalhes não verificáveis envolvem aspectos sensoriais, como emoções, impressões, cheiros ou sabores vivenciados pelo indivíduo. É possível enriquecer bastante uma narrativa com esses fatores e mesmo assim não fornecer pistas que possam ser verificadas, pois todas estas só podem ser experimentadas por quem as vivencia. Na maioria dos casos, este tipo de informação estará mais presente no discurso de mentirosos, enquanto indivíduos que dizem a verdade apresentam uma proporção mais equilibrada de detalhes verificáveis e não verificáveis [5]; Outro recurso utilizado na mentira é o “Self-handicapping”, ou desvantagem autoinduzida (tradução livre). Ocorre quando um sujeito acrescenta na fala motivos fantasiosos para convencer alguém de que não teve acesso a certas informações sobre determinado evento; Por exemplo, são apresentadas respostas como “eu acabei saindo mais cedo de lá e não vi o que aconteceu”, “eu não lembro de ter visto isso” ou “eu estava no banheiro nesse momento”. Todas essas respostas podem possuir o mesmo objetivo: isentar o sujeito da responsabilidade de fornecer detalhes. É claro que também podem ser verídicas, já que não existe nenhum sinal linguístico que seja indicador de mentira por si só; Além dos fatores mostrados até aqui, o discurso falso também apresenta outra peculiaridade: mais informações de senso comum. O mentiroso pode incrementar sua história com detalhes que são de conhecimento popular, o que não atesta a veracidade da sua versão. Entretanto, a riqueza de detalhes pode confundir o interlocutor e acabar sendo eficaz para enganá-lo; Sujeitos que dizem a verdade apresentam mais dados que não estão disponíveis para qualquer pessoa. Exemplificando, saber informações sobre o clima e atrações turísticas de uma cidade não prova que alguém esteve lá, já que é muito fácil ter esse tipo de conhecimento. Neste caso, vale a pena perguntar o nome do hotel em que a pessoa supostamente ficou, por exemplo; Ainda podemos analisar o discurso verdadeiro para que saibamos o que esperar quando alguém está apresentando uma história sincera. Ou seja, também é importante que se detecte verdades. Para isso, podemos utilizar o conceito de complicadores; Este termo se refere a informações que não são necessárias para a explicação de um evento, pois são detalhes que tornam uma narrativa mais complexa do que seria preciso para comunicar algo. Essa característica linguística está presente com mais frequência em discursos verdadeiros. Se alguém fala sobre como foi uma viagem, é esperado que existam partes desnecessárias ao invés de apenas os fatos mais impressionantes ocorridos durante o período [4]) https://canalcienciascriminais.com.br/a-linguistica-forense-na-deteccao-de-mentiras/